quarta-feira, 31 de outubro de 2007

AOS QUE VIERAM DEPOIS DE NÓS

(carta aberta aos universitários que estão reerguendo o movimento estudantil, livremente inspirada na poesia “Aos Que Virão Depois de Nós”, de Bertold Brecht)
Celso Lungaretti(*)

Jovens companheiros,
recebam o abraço de um náufrago da utopia de 1968, quando os melhores brasileiros, muitos deles tão novos como vocês, percorreram esses mesmos caminhos de idealismo e esperança, sem conseguirem levar a bom termo a jornada.
Eram tempos sem sol, em que só tinham testas sem rugas os indiferentes e só se davam ao luxo de rir aqueles que ainda não haviam recebido a terrível notícia.
Num país de tão gritante desigualdade social, eu e meus amigos chegávamos a ser tidos como privilegiados. E, tanto quanto a vocês, os reacionários empedernidos e os eternos conformistas nos diziam: “Come e bebe! Fica feliz por teres o que tens!”.
Da mesma forma que vocês agora, um dia percebemos que nada do que fazíamos nos dava o direito de comer quando tínhamos fome. Por acaso, estávamos sendo poupados – ao preço de silenciarmos sobre tanta injustiça.
E cada um de nós se perguntou: “Como é que eu posso comer e beber, se a comida que eu como, eu tiro a quem tem fome? Se o copo de água que eu bebo, faz falta a quem tem sede?”.
Escolhemos o caminho árduo dos que têm espírito solidário e senso de justiça.
Poderíamos, é claro, nos manter afastados dos problemas do mundo e sem medo passarmos o tempo que se tem para viver na terra. Mas, não conseguíamos agir assim. Viéramos para o convívio dos homens no tempo da revolta e nos revoltamos ao lado deles.
Foi uma luta desigual e trágica. Muitos daqueles com quem contávamos preferiram a “sabedoria” de seguir seu caminho sem violência, não satisfazendo seus melhores anseios, mas esquecendo-os. E se tornaram inacessíveis aos amigos que se encontravam necessitados.
No final, desesperados, trocávamos mais de refúgios do que de sapatos, pois só havia injustiça e não havia mais revolta.
Os que sobrevivemos, ainda amargamos a incompreensão dos que se puseram a falar sobre nossas fraquezas, sem pensarem nos tempos sem sol de que tiveram a sorte de escapar.
E assim transcorreram anos e décadas. Só nos restava confiar em que o ódio contra a vilania acabaria endurecendo novos rostos e que a cólera contra a injustiça um dia ainda faria outras vozes ficarem roucas.
A espera chegou ao fim. Saudamos esse movimento que vocês iniciaram e estão sustentando contra todas as incompreensões e calúnias, como o renascer da nossa utopia.
Nós, que tentamos e não conseguimos preparar o terreno para a amizade, temos agora a certeza de que a luta prosseguirá. E a esperança de que vocês vejam chegar o tempo em que o homem será, para sempre, amigo do homem.

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais crônicas e artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

2 comentários:

Anônimo disse...

Abandonaram isso aqui?

Ocupação UFU disse...

Muita coragem para a construcao da luta companheiros!!!
podem contar com nosso apoio!

à luta!!!

No dia 14 de novembro o DCE – UFU “Atitude – O impossível é dever de todos”, em conjunto com diversos estudantes realizou um ato contra a implementação do REUNI.
Este ato aconteceu no Campus Pontal, uma expansão da Universidade Federal de Uberlândia realizada em 2006, que simboliza a precariedade na qual se encontra a Universidade Pública. Aproximadamente 60 estudantes participaram do ato, um número considerável levando-se em consideração a quantidade reduzida de estudantes neste campus e a grande apatia que o DCE tem encontrado no meio estudantil.
O ato teve inicio as 10 horas no interior do campus, sendo que os estudantes marcharam até a sede administrativa da UFU(FACIP), que fica próxima ao campus. Lá chegando os estudantes ocuparam a FACIP e apresentaram sua pauta de reivindicações aos responsáveis pela negociação.
Sendo a pauta:

.NÃO AO REUNI NA UFU;

.Implementação do Restaurante Universitário, Moradia Estudantil e Centro de convivência no plano diretor do Campus Pontal;

.Garantia de quando as obras para ampliação da biblioteca começarão e data da entrega garantida dos livros no campus pontal (todos os que já foram solicitados e adquiridos),

.Xerox a 0,07 centavos para os estudantes, não á exploração dos 0,10 centavos!!!!

.Regulamentação e pagamento retroativo das bolsas moradia e alimentação e ampliação das mesmas;

.Inclusão do campus pontal no estatuto e regimento geral da UFU;

.Espaço para promoção de atividades estudantis;

Após diversas negociações, foram atendidos alguns pontos, assim os estudantes presentes decidiram em assembléia manter a FACIP ocupada até que a reitoria se disponobilize para debater todos os pontos da revindicação. Os técnicos administrativos presentes se recusavam a sair, sendo que o prefeito de campus solicitou a presença da segurança privada do prédio. Após intensas negociações com a segurança publica da UFU, todos se retiraram do prédio sendo assim acionada a policia militar que lavrou um B.O. Assim, nós estudantes da UFU e componentes do DCE, informamos que em mais uma universidade se constrói a brava resistência ao REUNI e a todas as sórdidas formas de sucateamento.

Pedimos que as entidades elaborem moções de apoio.
Mandem por e-mail para ocupacaoufu@yahoo.com.br.
www.ocupacaoufu.blogspot.com .

À luta!!!

DCE UFU gestão 2007 Atitude:O impossível é dever de todos.